Por: Camila Menezes - @milocaam
Pela primeira vez, fiquei
sem saber avaliar um episódio. Essa season finale realmente fugiu de todas as
minhas expectativas, deixando-me sem palavras. Mas antes de explicar o porquê,
vamos aos pontos que merecem destaque:
Depois de ter chegado à
epifania no último episódio, eu acreditava que Savoureux iria manter uma sucessão de eventos decorrentes da
descoberta do Will. Para minha surpresa, a season finale foi preparada em cima das
oscilações entre o estado mental de Will. Mais uma vez, ele se perdeu na sua própria
consciência e “esqueceu” que já havia entendido tudo o que estava acontecendo
ao seu redor.
Interessante observar foi as
insistentes tentativas de Hannibal para convencer Will que ele era o Chesapeake Ripper e, ao mesmo tempo, as
rebatidas de Will, que insistia em dizer: I know who I am Saber, mas esquecer não adianta muito né,
Will?
Um ponto bastante
interessante foi a espécie de deja vu
que nos foi apresentado ao longo do episódio: Várias referências e citações dos
assassinatos que ocorreram ao longo da temporada. Uma manobra que deu a
sensação de encerramento de um ciclo. De fato, o encerramento da temporada.
Além disto, algo bastante
intrigante foi ver Hannibal chorar: à primeira vista, eu logo julguei como
falsidade, mas pensando melhor, realmente fiquei na dúvida quanto à sinceridade
daquelas lágrimas. Ao falar sobre Abigail, acredito que ali havia um fundo de
verdade, principalmente no que se refere ao instinto ‘paterno’ de orientar
Abigail. Claro, que orientar neste caso, é fazer dela uma espécie de discípula.
Desenvolver nela as habilidades que o Garret já tinha iniciado.
Aproveitando o gancho,
ninguém me tira da cabeça que aquele jantar era a Abigail. Sim, ela foi para a
panela literalmente. Minhas suspeitas se confirmaram assim que Hannibal citou o
vitelo. Para quem não sabe, vitelo é a carne de um bezerro novo. Associação
perfeita com Abigail! Como a morte dela não foi bem explorada (o que eu
acredito que será melhor esclarecido na 2º temporada), isso não passa de
teoria. De qualquer forma, se minha teoria for confirmada, foi uma cena
brilhante e bem típica do estilo da série: Informações sempre dita nas
entrelinhas.
E nos diálogos daquele jantar, a sensação que eu tive foi que a dr.
Maurier já compreendeu o que o Hannibal está fazendo. O que me surpreende é a
demora de alguém enxergar o que está diante dos seus olhos. Sim, Hannibal é
muito sagaz, mas por diversas vezes foram levantadas dúvidas e contradições
acerca dele. Será possível que ninguém ali desconfia? Alana Bloom constatou que
Will sofre de encefalite e não o indicou a outro exame, a outro médico? Todos
acatam a opinião de Hannibal sem nem pestanejar. Sinceramente, essa confiança
cega chega a irritar! A única pessoa que sabe alguma coisa ali não tem controle
sobre sua própria mente.
Por
fim, a cena final: a inversão dos papéis naquela cena foi sensacional, a qual no filme na verdade é o Will que
visita o Hannibal e não o contrário. Isso mostra que embora a série seja sobre
o filme, há liberdade para recriar o enredo e não copiá-lo. E os fãs devem
estar atentos a isso. É comum encontrar comentários que comparem e menospreze o
remake de algo já consagrado. De fato, comparações são inevitáveis, mas essas
adaptações são um ponto positivo, a meu ver. Mais vale recriar do que apenas
copiar. Se a série fosse exatamente igual aos filmes não precisaria assistir
porque eu já sei o que vai acontecer. Deste modo, são essas manobras que
acrescentam valor à série.
Um
brinde a Bryan Fuller pela coragem de recriar aquele enredo. Não apenas ele,
mas também o Mads Mikkelsen por aceitar reviver Hannibal Lecter. Reinterpretar
este personagem depois de Anthony Hopkins exige uma alta dose de coragem e
segurança no que faz. De fato, se saiu muito bem. Conseguiu colocar sua marca
no personagem sem desconfigurá-lo. Sobre o Hugh Dancy, nem digo nada porque já
me derreti por ele diversas vezes em reviews anteriores (rs)
Como
disse anteriormente, o encerramento da temporada quebrou todas as minhas
expectativas. Eu realmente esperava que Hannibal fosse ser descoberto ainda
esta temporada. Eu não esperava que haveria uma edição no enredo, o que me
deixou meio sem ação. Não achei ruim, mas tinha outras expectativas. Terminou e
eu fiquei: Hã?? Acabou?? Como??
Para
ser bem sincera, já não sei o que esperar dos próximos episódios. Não sei o que
esperar sobre como tudo irá se desenrolar. O que é algo muito bom se pensarmos
que Bryan conseguiu fazer isso com um enredo já conhecido.
O
que eu espero (e espero muito) é que a série seja premiada, não apenas porque
sou uma Fannibal assumida, mas porque
ela de fato merece. Pelos diálogos inteligentíssimos, pela fotografia e
principalmente pela dinâmica entre os protagonistas. Só com premiações para
tirá-la da baixa audiência. Vamos torcer!
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